Dr Gomes Freire de Andrade

Gomes Freire de Andrade.

12/07/2018 às 16h45


Nasceu em Mariana (Minas Gerais) em 3 de janeiro de 1865, filho de Antonio Gomes Freire de Andrade (Totó Barão) e de Maria Augusta Lebet Freire de Andrade. Falecido em Belo Horizonte em 9 de fevereiro de 1938, onde o seu corpo foi sepultado. Neto de Gomes Freire de Andrade, Coronel do Exército (Regimento de Minas) e Barão de Itabira.


Menino ainda ficou órfão do pai, assumindo sua mãe por decisão judicial o dever de educá-lo. A ele e a seu irmão Augusto Freire de Andrade. Juntos não haviam chegado, na ocasião, à casa dos oito anos de idade. Matriculados no Seminário de Mariana, ainda hoje mantido pela Arquidiocese, nele fizeram os estudos indispensáveis à inscrição aos exames de admissão dos cursos superiores de Medicina, o primeiro, e de Direito, o segundo, na Escola de Medicina do Rio de Janeiro e na Escola de Direito do Largo São Francisco em São Paulo, respectivamente.


Carente de recursos materiais, Gomes Freire de Andrade contraiu empréstimo pecuniário em que estavam discriminadas ano a ano do curso as parcelas da operação financeira de seis anos, acrescidas de outros valores imprescindíveis à sua permanência na capital federal.


Colou grau em 19 de janeiro de 1888 e obteve Carta de Doutor em Medicina em 21 de maio de 1890, passando a exercer a profissão em Mariana. Resgatou a dívida em pouco tempo.


Quanto a Augusto, conseguiu, no início do curso, emprego remunerado na imprensa paulista, sustentando-se assim na capital daquele Estado.


Gomes Freire de Andrade casou-se em Mariana com Maria do Carmo Breyner Freire de Andrade que lhe deu três filhos:

1) Augusto Gomes Freire de Andrade seguiu a mesma carreira do pai. Cursou o ensino médio em Ouro Preto, onde foi colega do poeta Djalma Andrade, e o de Medicina na mesma escola do Rio de Janeiro em que o progenitor logrou o diploma. Obtido o certificado de graduação, regressou a Mariana e abriu clínica médica. Em paralelo, incursionou pela política fazendo-se Agente do Poder Executivo Municipal e, mais tarde, elegendo-se Deputado Estadual para a legislatura de 1926 a 1930, na qual teve como colegas Caio Nelson de Senna e Abgar Renault, entre outros, e se fez amigo do Presidente Mello Vianna;

2)Henrique Gomes Freire de Andrade que, feito o curso médio também em Ouro Preto, concluiu o de Direito na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro no Largo do Machado, onde se tornou amigo de muitos colegas e professores, destaque dado ao Advogado Alberto Deodato Maia Barreto. Cumpriu estágio no escritório do Advogado Augusto Freire de Andrade, seu tio, que o preparou para o exercício do cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Piranga, nomeado pelo Chefe do Poder Executivo. Ali esteve até 4 de março de 1922, data em que foi removido para Santa Bárbara, em virtude de ato do Vice-Presidente Doutor Eduardo Carlos Vilhena do Amaral, subscrito por Afonso Augusto Moreira Penna. Nomeado, após, para o cargo de Promotor de Justiça da Comarca de Mariana em 12 de agosto de 1924, assumiu o de Juiz Municipal de Mariana em 22 de dezembro de 1925, ambos os atos do Presidente do Estado. Reconduzido ao fim do quadriênio, ato de 20 de janeiro de 1930, nesse mesmo cargo permaneceu até 1934 quando foi investido no de Juiz Municipal do então Termo Anexo de Pedro Leopoldo, da Comarca de Santa Luzia, da qual era titular o Juiz de Direito Dario Lins, depois Desembargador. Em 15 de maio de 1936, o Governador Benedito Valladares o nomeou Juiz de Direito da Comarca de Bicas, na qual permaneceu até 8 de janeiro de 1940, data em que foi promovido para a de Santa Luzia. Dali saiu em 6 de maio de 1953 por permuta do seu lugar com o do Doutor Benedito Starling, Juiz de Direito da Comarca de Abaeté. Ato contínuo foi promovido para a Comarca de Formiga, onde já completado com muita sobra o tempo de serviço necessário, requereu aposentadoria como Juiz de Direito de Entrância Especial a que fez jus por dispositivo legal;

 3) Carmen Freire de Andrade que frequentou o Colégio Providência a tempo próprio e faleceu solteira.

 

Os estudos humanísticos de Gomes Freire de Andrade, como já enunciado, foram feitos no Seminário São José. A clínica médica que estabeleceu alcançou repercussão no município e cercanias, em função da qual assinou contrato de prestação de serviços profissionais à Companhia das Minas de Passagem de Mariana, propriedade de ingleses, para atendimento específico aos seus empregados em jornada de trabalhos. Veio daí o amistoso relacionamento entre as partes do ajuste, a que também deu causa a qualidade dos serviços executados pelo biografado.

 


Ganhou acento na República Velha a carreira política que empreendeu, iniciada pelo mandato de Vereador à Câmara Municipal da qual se tornou Presidente, exercido cumulativamente com o de Chefe do Poder Executivo Municipal de 1908 a 1916, conforme inscrição abaixo da sua fotografia no salão de entrada do prédio do Órgão Legislativo.
Ardente defensor do ideal republicano, a favor de cujos princípios se converteu em arauto de intensa propaganda, se elegeu Deputado Estadual Constituinte para a primeira legislatura de 1891, em Ouro Preto. E, em seguida por razões compreensíveis, Senador em Minas para as quinta , sexta e sétima legislaturas (1907 a 1918). Em virtude de sua eleição para Deputado Federal, nona legislatura, renunciou ao restante do mandato de Senador, dedicando-se integralmente aos desafios do de Deputado Federal. Primoroso orador.
Integrou o Partido Republicano Mineiro, havendo assinado com João Pinheiro da Silva e outros companheiros de credo político, em 1888, o Manifesto de Ouro Preto. Com o advento da República Nova caiu em desgraça dos que assumiram o poder em 1930.
No campo do magistério grangeou o respeito de colegas e alunos da Escola de Farmácia de Ouro Preto à qual chegou em 1891, por concurso, como catedrático de Higiene e Microbiologia. Quanto ao cargo de Professor de Patologia na Faculdade de Medicina de Minas Gerais, fundada em Belo Horizonte em 1911, para o qual foi contratado no ano seguinte, não pôde assumi-lo diante da impossibilidade de presença diária na Capital. Ficam registrados, a propósito, os dados a seguir: Gomes Freire de Andrade foi orador da sua turma, paraninfada pela Princesa Isabel e, para receber o título de Doutor, defendeu a tese ¨Raiva Hidrofóbica¨, momentoso assunto do seu tempo.
Depois de permuta de imóveis em Mariana, devidamente registrada, passou a residir no sobrado da praça que ainda hoje tem o seu nome (sede atual do Marianense), dela fazendo centro de reuniões e convivência de políticos e líderes dos distritos, subdistritos e povoados do município, para discussão e decisão de assuntos pertinentes à comunidade.
Certas obras são, na atualidade, retratos vivos da administração realizada sob o seu comando com o apoio decisivo da Arquidiocese: calçamento em seixos rolados de ruas dos diversos distritos, incluído o da sede; manutenção e extensão da rede hidráulica e de esgotamento; Cemitério de Santana; Instalação da primeira casa de saúde na rua Nova, hoje Dom Silvério, coadjuvado pelas irmãs da congregação local; e extensão da linha ferroviária de Ouro Preto à cidade.
A peculiaridade mais perceptível de sua personalidade no tocante à boa saúde da população está em que, no princípio da sua atividade médica não dispunha de meio de transporte rápido, fato que o obrigava a deslocar-se usando montaria de animais que mantinha em estrebaria existente em terreno de sua casa. Mesmo assim, chamado, não se fazia de rogado, pondo-se a caminho do endereço do doente necessitado da sua atenção.
Transitava bem, ao lado disso, por textos em grego e latim não fosse ele egresso do Seminário. Tinha por costume usar nas viagens no lombo de animais calças cortadas em tecido caqui e o par de óculos, quando não o pince-nez, era o seu indispensável companheiro.
Nunca dirigiu automóvel, mesmo quando, premido pela necessidade tecnológica, o adquiriu como facilitador da sua locomoção. A leitura era como que sua predileta opção, se o tempo lhe permitia esse prazer. Ia dos clássicos, de preferência, à literatura popular. Amava a poesia e a música.


FONTES:
1) Casasanta. Mário, Grandes Vultos de Minas Gerais, in: Revista Alterosa, Belo Horizonte 4(28), ago, 1942./ ABRANCHES, Dunshee de. Governo e Congresso da República dos Estados Unidos do Brasil, 1889 a 1917, Rio de Janeiro. M. Abranches, 1918, v. 2 / Minas Gerais, Belo Horizonte, 10, fev. l938, p. 18 (apud tomo I de dois mandados imprimir pela Assembléia Legislativa do Estado com ligeira biografia de personalidades mineiras que se destacaram nas duas Repúblicas: a Velha e a Nova, In: Biblioteca do Órgão Legislativo.


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