Professor José Arnaldo Coelho de Aguiar Lima

05 anos sem José Arnaldo.

10/08/2018 às 10h46

A  Revista Mariana Histórica e Cultural presta uma pequena homenagem ao professor José Arnaldo, um gaveteiro de coração. Historiador e defensor do patrimônio cultural e artístico de Mariana.

EUGE, SERVE BONE, IN MODICO FIDELIS, INTRA IN GAUDIUM DOMINI TUI (Mateus 25,20) -- MAGISTER CARISSIME -- PAZ TECUM.

 “Seu senhor disse-lhe: Está bem, servo bom e fiel, já que fôste fiel em poucas coisas, dar-te-ei a intendência de muitas; entra no gôzo de teu senhor.” As outras, “Caríssimo Mestre” e “A Paz esteja contigo”.

"Foi em um sábado às 9:00 horas da manhã. Ele acordou entusiasmado para ler o livro que havia comprado no Rio de Janeiro, de onde havia acabado de chegar de uma excursão com seus alunos. Iria ler para usar nas suas aulas, já que nem sonhava em aposentar-se. Mas tinha outra excursão com os alunos para São Paulo, na semana seguinte: o final de semana seria usado na preparação dessa nova viagem e de suas aulas. E foi assim, em um momento de descanso, entre uma viagem e outra para a instrução dos seus alunos, que ele fez a sua própria viagem. Foi aposentado, por determinação da natureza, que sabia que ele não cumpriria nenhuma outra ordem para deixar de ensinar.

José Arnaldo Coelho de Aguiar Lima (Divinópolis, 24/02/1956 - Mariana, 10/08/2013) foi historiador e professor da Universidade Federal de Ouro Preto, por mais de três decádas. Radicado em Mariana desde 1981, tornou-se um profissional de referência para a história da arte, principalmente mineira, tendo publicado vários livros e realizado projetos de grande interesse cultural na região. Talvez tenha sido a maneira paterna e sempre firme com a qual José Arnaldo cuidava de seus alunos, especialmente em Mariana e Ouro Preto (e João Pessoa, onde também desenvolveu vários projetos), que forçou a coincidência de celebrarmos hoje, em pleno Dia dos Pais, um ano de seu falecimento.

Uma das grandes contribuições de José Arnaldo ao patrimônio musical mineiro e brasileiro foi a negociação que resultou no salvamento do que é hoje o Arquivo Histórico Monsenhor Horta, transferido para o Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFOP, em Mariana, no ano de 1993. Esse arquivo contém um expressivo volume de música sacra e de música para banda, e vem auxiliando os musicógos na longa tarefa de integração do passado musical brasileiro à vida atual. O próprio José Arnaldo conta, neste texto, a história dessa localização e de seu tratamento, feito na mesma sala em que ele aparece nesta foto em 2003, quando apresentou o presente trabalho, 10 anos após a localização do arquivo e 10 anos antes do seu falecimento.

Nestes últimos 10 anos, o Professor José Arnaldo estava trabalhando em um livro sobre o pintor marianense Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), com mais de 200 documentos inéditos sobre o artista, que, por coincidência, morou na mesma rua que José Arnaldo, dois séculos antes. Sua querida esposa Josanne, que aqui chamamos carinhosamente de Keka, está trabalhando para completar o livro, com vistas à sua publicação.

Sua lembrança está em todas as ruas de Mariana, especialmente na Praça Gomes Freire (o “Jardim” de Mariana), onde ocorriam seus simpósios e aulas extra-acadêmicas. Valeu, Zé Arnaldo, fique tranquilo em sua viagem, que a gente vai cuidando do patrimônio histórico aqui embaixo! Será bem mais fácil, depois de tudo o que você nos deixou! "

Texto: Josinéia Godinho


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