Produção e Consumo Responsável de alimentos em Mariana-MG: uma análise sob a perspectiva do ODS-12
A busca por uma via sustentável de desenvolvimento torna-se essencial para fortalecer uma economia inclusiva e solidária, com um papel cada vez mais relevante do consumidor consciente. O trabalho sustentável contribui positivamente com o desenvolvimento social e econômico, com a redução das desigualdades e aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proposta, inclusive, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Para falar sobre os ODS é necessário um breve contexto sobre o seu precursor, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que surgiram nos anos 2000 como um conjunto de ações e medidas tomadas por diversos líderes mundiais, formado por oito Objetivos do Milênio para erradicar as várias facetas da pobreza extrema em todos os países do mundo.
O referido relatório apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, denominado ODM, apresenta dados comparativos com muitos agrupamentos de países, referentes aos alcances e progressos de cada um dos Objetivos do Milênio em âmbito global. De maneira geral, a partir da sua criação, notou-se uma redução significativa da pobreza extrema e da fome, assim como um avanço na educação primária universal, por exemplo. Tendo os ODM sido executados de forma satisfatória, os ODS surgem a partir da concepção social de que novas ações e medidas precisavam ser tomadas quanto ao uso dos recursos naturais, ao meio ambiente e às gerações futuras.
A implementação da Agenda 2030 para alcançar os ODS requer adequação de cada objetivo e suas metas às condições de cada país, considerando as especificidades, chamada Territorialização dos ODS, considerado os recursos de cada país (financeiros, tecnológicos, naturais etc.) e a capacidade de implementação das metas, seja integral ou parcialmente.
Dentre os 17 ODS, o ODS-12 traz o tema da Produção e Consumo Responsáveis (relacionado ao Objetivo de Desenvolvimento do Milênio-07), e é composto por 12 metas. Esse objetivo busca assegurar padrões para produção e consumo de produtos/serviços de forma sustentável, dentre eles, a gestão sustentável e uso eficiente dos recursos naturais; reduzir o desperdício de alimentos ao longo da cadeia de produção e abastecimento; manejo ambientalmente saudável de produtos químicos e demais resíduos; reduzir a geração de resíduo; fomentar práticas sustentáveis das empresas e integrar informações de sustentabilidade em seus relatórios, entre outros.
A cidade de Mariana representa o pioneirismo mineiro, pois foi a primeira vila, capital e sede do primeiro bispado da Capitania de Minas Gerais, além de ser a primeira cidade projetada no Estado.
Com o passar dos anos, o desenvolvimento da região dos Inconfidentes se deu através da mineração. Atualmente, a cidade de Mariana possui mais de 57 mil habitantes e dez distritos, dentre eles, Monsenhor Horta, que possui como subdistritos as comunidades de Ponte do Gama, Paracatu de Cima e Paracatu de Baixo. A cidade possui diversos produtores de alimentos que, através do sistema orgânico, produzem alimentos para consumo próprio e comercialização do excedente da produção na cidade.
Como referência, a Feira Livre Municipal é referência local em relação a alimentos orgânicos, onde os produtores locais comercializam alimentos cultivados sem o uso de agrotóxicos e/ou pesticidas químicos. Esta Feira acontece aos sábados, das 07h às 12h, no espaço aberto do estacionamento do Centro de Convenções da cidade, disponibilizando para a população diversos alimentos orgânicos, além de quitandas em geral e produtos dos artesões locais.
Característica a ser citada é o fato de ser uma cidade de clima tropical com inúmeros dias de chuva ao longo do ano. Por ser Mariana uma cidade que não tem um local adequado para a disponibilização de alimentos, a chuva impacta na comercialização dos produtos, pois, em dias de chuva podem ocorrer um maior desperdício dos alimentos colhidos.
Destaca-se, ainda, que os agricultores que comercializam alimentos na Feira Livre Municipal de Mariana fazem parte da Associação de Produtores de Hortifrutigranjeiros e Feirantes de Mariana e Região (ASPROHORFEM), criada há mais de 30 anos e formalizada em 2005 com o objetivo de organizar os feirantes e fortalecer o comércio local de alimentos orgânicos e reconhecer o trabalho dos agricultores.
Atualmente, a ASPROHORFEM possui 33 associados e, destes, apenas três produzem alimentos no sistema orgânico tendo como precursor, o Sr. Waldir Pollack.
O agricultor o Sr. Waldir Pollack, que produz e comercializa alimentos orgânicos na comunidade de Paracatu de Baixo, é referência no município em alimentos saudáveis e livre de agrotóxicos, sendo o único produtor da comunidade que realiza a produção e comercialização de alimentos orgânicos em maior escala. Além de agricultor familiar, Sr. Waldir Pollack é apoiador da agricultura orgânica e do desenvolvimento sustentável, tanto pela produção quanto pela sua história de vida e relação com alimentos orgânicos.
Foi verificado à necessidade de comunicação e difusão de informações sobre o tema, foi elaborado e distribuído, de forma gratuita, para a população de Mariana, um material impresso e audiovisual com objetivo de instruir sobre o ODS-12. Nesses materiais, contém informações sobre Produção e Consumo Responsável de Alimentos orgânicos, sua importância, onde adquiri-los e como melhor aproveitá-los. Esta foi uma forma de conscientizar a população local para o desenvolvimento sustentável e para um estilo de vida em harmonia com a natureza, contribuindo para o alcance da meta 12.8 no município de Mariana-MG.
